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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ecoturismo-Atividade consciente e sustentável

Já pensou em fazer algo diferente, sair da rotina e entrar em contato com a natureza?
Vamos falar sobre uma prática que tem sido muito difundida e procurada: o ecoturismo, uma modalidade que leva as pessoas a belos lugares, onde a natureza é preservada proporcionando bem estar e a conscientização de práticas sustentáveis e ecológicas.

Conforme o Ministério do Turismo, o ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas.
“Os novos tempos exigem novas soluções e, por essa razão, a inovação é um ingrediente essencial ao turismo, para que ele se desenvolva de maneira consistente e sustentável”, afirmou o secretário de programas do Ministério do Turismo, Neusvaldo Lima. 

Nos últimos anos, o ecoturismo vem crescendo rapidamente, assim como o número de publicações, programas de TV e de órgãos ligados ao tema. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, enquanto o turismo cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo cresce mais de 20%.

A guia de turismo Ledi Pretto, da cidade de Porto Alegre, atua há 17 anos no segmento. Questionada sobre as rotas mais procuradas para a prática de ecoturismo, Ledi afirmou que as pessoas preferem roteiros que incluam passeios às águas termais, prática de rafting, hotel fazenda ou sítio. Conforme a guia, o período dos passeios varia de acordo com as características de cada prática. Sendo assim, na primavera a procura é maior por atividades que incluam trilhas, passeio a cavalo e visitas à sítios. Já no outono as pessoas preferem pacotes que incluam passeio às águas termais.
As faixas de preço, segundo Ledi, “variam dependendo do local onde a pessoa pretende se hospedar, mas geralmente são bem acessíveis”. Quem mais procura por esse tipo de prática são aposentados.


  



Daniel Barrios, 30 anos, é morador de Campinas (SP) e praticante de ecoturismo. Ele revelou que prefere atividades mais esportivas e procura viajar em períodos de baixa temporada devido aos valores.

Reportagem - Quais são os principais roteiros procurados por você?
Daniel Barrios - Roteiros que possibilitem uma apreciação da natureza, além de contar com uma hospedagem barata porém confortável. Geralmente priorizo lugares com cachoeiras e montanhas.

Reportagem - Prefere roteiros mais voltados à aventura ou mais voltados ao descanso?
Daniel Barrios - Aventura sempre é uma boa pedida. Lugares que além de contato com natureza possam ter, também, atividades como rafting, escalada, ou até mesmo uma simples trilha.

Reportagem - Prefere viajar sozinho, em família ou entre amigos? 
Daniel Barrios - Com pelo menos um integrante da família, ou com amigos. Parece que viajar acompanhado permite explorar mais a viagem, há uma maior disposição em se aventurar a dois ou em um grupo. E também é mais seguro estar acompanhado.


Confira algumas modalidades e onde praticar no RS:
Rafting

O Rio Paranhana, localizado na cidade de Três Coroas, é um dos locais mais procurados para a prática desse esporte e o mais recomendado para iniciantes. Os aventureiros recebem material completo, além de instruções e acompanhamento de profissionais especializados. Outros locais bastante procurados são o Rio Caí, em Gramado e o Rio das Antas, em Bento Gonçalves, além do Rio Guaporé em Encantado.

Rapel
Em Canela, há o rapel na Lageana, no vale que se situa na parte inferior da Cascata do Caracol. Este é o local mais procurado para a prática desse esporte. Há,  também, locais como a Ponte Korff, com 25 metros de altura, em Caxias do Sul, onde os aventureiros podem se divertir num paredão com 85 metros de altura e a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, com 45 metros.
Tirolesa
A tirolesa mais conhecida da Serra Gaúcha fica no Alpen Park, em Canela.
Cavalgada
Vários hotéis fazenda localizados na Serra proporcionam a seus hóspedes passeios a cavalo. A prática é indicada para toda a família, das crianças aos mais velhos.
Voo livre
O Ninho das Águias, em Nova Petrópolis, tem 710 metros de altitude e é um ótimo local para a prática de voo livre. O lugar possui 1.500m² de rampas gramadas e duas rampas de concreto para asa delta.

* Maiara Pereira, Rosa Vargas, Juliana Peruchini e Andrey Z.

População em Situação de Rua

De acordo com o Guia de Cadastramento de pessoas em Situação de Rua, feito pelo Cadastro Único para Programas Sociais, a caracterização da população em situação de rua é definida como um grupo populacional heterogêneo, composto por pessoas com diferentes realidades, mas que possuem em comum a condição de pobreza. Vínculos interrompidos ou fragilizados e falta de habitação convencional regular, compeliu-os a utilizar a rua como espaço de moradia e sustento, por contingência temporária ou de forma permanente decorrente de sua história de vida.

Diante disso, fomos ao Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), local onde as pessoas em situação de rua permanecem durante o período integral (manhã e tarde). Este espaço, localizado em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, como ilustra o mapa abaixo, tenta inseri-los novamente na sociedade, encaminha-os para confecção de documentos, auxilia a procura por empregos, fornece comida e roupas. Neste local o usuário precisa obedecer regras, não pode entrar alcoolizado ou ter usado qualquer tipo de drogas durante o dia. 

(Mapa da Região Metropolitana de Porto Alegre / Fonte: IBGE)      
 
Histórias que valem a pena ler

Num primeiro momento fomos buscar estes casos:

Entrevistado 1: Rodrigo Machado Pereira, de 29 anos, já teve 12 vezes internado em clínica de reabilitação para dependentes químicos. Nascido e criado em Porto Alegre, aos 13 anos entrou no mundo do crime. Aos 14, foi para a Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor – FEBEM, onde ficou preso por dois anos no Presídio Central. Era usuário de maconha, cocaína e crack, roubava para sustentar seu vício, praticando assalto a pedestres até o roubo de veículos à mão armada. Seu pai era o chefe do tráfico onde eles moravam na Vila Monte Cristo, em Porto Alegre, hoje é impedido de voltar, pois Rodrigo é ameaçado de morte pela gangue dominante no local. Tem um filho de 2 anos e 11 meses, Guilherme. Está há 1 ano e 4 meses morando em Gravataí e quando tem vaga dorme no albergue.


“Eu achava que podia controlar, mas não conseguia, hoje quero mudar de vida e poder voltar a trabalhar e melhorar de vida”.




(Diego Rodrigues da Silva/ Foto: Tuhana Pinheiro)


Entrevistado 2: Diego Rodrigues da Silva tem 23 anos, é natural de Novo Hamburgo e teve sua infância interrompida aos 13 pelo crime. Primeiro começou a roubar as coisas de dentro de casa, depois passou a roubar os vizinhos e, ao longo do tempo, tornou-se usuário de drogas como maconha, cocaína, crack e álcool. Teve que sair de sua cidade em decorrências das ameaças de morte. No final de 2014, resolveu com um comparsa praticar um assalto para comprar drogas. Nesse dia, começaram assaltando um posto de gasolina, seguido por uma farmácia e logo à uma lotérica, onde foram pegos pela polícia. Diego foi preso pelo artigo 157 do Código Penal, que trata do roubo praticado por mais de uma pessoa e provável uso de arma de fogo. Ficou detido no Presídio Central durante 11 meses e, desde abril deste ano, cumpre regime domiciliar, que deverá ser seguido por mais 5 anos e 4 meses, tendo que se apresentar a cada trimestre no Fórum. Seus pais tentam se mudar para Gravataí, local onde ele vive atualmente, dormindo no albergue. Quando esteve preso, sua mãe ia visitá-lo e levava o dinheiro que recebia do Bolsa Família para que ele pudesse comprar comida, roupa, entre outras coisas. Conforme conta, dentro do presídio há uma espécie de loja onde os detentos têm acesso a alguns produtos. Diego conta que dentro do Central telefone e drogas são liberados. Hoje afirma que não quer mais voltar para esta vida, pois considera muito triste tal realidade e não quer ficar preso. Durante os 11 meses de reclusão quem fazia a visita era somente a mãe, porque, seu pai não era autorizado por ser aposentado da Polícia Federal. Ao ser questionado do que ele se arrependia, Diego, com os olhos cheios de lágrimas, responde que foi do assalto à mão armada que o levou preso. Perguntado o porquê, se ele já havia assaltado outras vezes, justifica: “é porque eu bati na mulher da farmácia para pegar o dinheiro do caixa. Eu jamais bateria em qualquer mulher, estou arrependido, pois minha vida mudou, se eu pudesse eu pediria perdão, pois não gostaria de machucá-la”.


Depoimento do morador de rua, Douglas, de 22 anos:





Um Olhar Diferente

Ao sair às ruas da capital gaúcha, conversamos com pessoas em situação de rua. Nos deparamos com diversas histórias de vida marcantes, entre as quais de pessoas dependentes químicas, com ou sem filhos, que saíram de casa por motivos adversos.
 
(Mapa da cidade de Porto Alegre / Fonte: IBGE)
  
(Fonte: http://bit.ly/1cohSzr)

Enquanto fazíamos as entrevistas, pessoas observavam curiosamente o que estava acontecendo. Afinal, não é corriqueiro encontrar três jovens agachadas conversando amigavelmente ao lado de um morador de rua. A população costuma julgar esses indivíduos como “vagabundos”, sem a mínima reflexão do que pode tê-los levado a viverem nessa condição, olhando-os com desprezo e os responsabilizando por evidenciar a pobreza existente nas grandes metrópoles. Ao conversarmos com algumas pessoas, descobrimos que grande parte deles está em busca de uma oportunidade de emprego para que possam, enfim, ter um lugar para chamar de lar. Presenciamos alguns casos:



(Moradores de rua dormem à margem da Borges de Medeiros / Foto: Nicole Escouto)


Entrevistado 3: Com poucas palavras, Fábio, 29 anos, há dois condicionado a morar nas ruas de Porto Alegre, limitava-se a responder apenas o que lhe era perguntado. Natural de Camaquã, veio para a capital após divorciar-se e afirma não ter vontade de retornar à sua antiga cidade.  Conta que costuma frequentar os albergues da prefeitura onde oferecem roupas, alimento e acesso a banho, além de receber doações da igreja.

Entrevistado 4: Josemar, 33 anos, oriundo de São Pedro do Sul, diz ter vindo para a capital gaúcha a procura de emprego na área de construção civil, em decorrência de sua separação. Há duas semanas mora nas ruas e desde então passou a recolher material para reciclagem. Mesmo estando há pouco tempo nesta condição, relata já ter sofrido discriminação por ser considerado, em suas palavras, "inferior à maioria das pessoas", a julgar pela falta de estrutura em que vive. Apesar de ter menos oportunidades que os demais, mostra sua tamanha faculdade ao afirmar que "as pessoas esquecem que somos iguais, que quando morrer (sic) vamos para o mesmo lugar." Ainda emocionado, conta que sua atual esposa foi agredida na cabeça há poucos dias enquanto caminhava sozinha pela cidade. Josemar conta que chamou a SAMU para socorre-la, o que resultou em 6 pontos. Expõe que a ajuda, em grande parte, vem dos menos favorecidos como ele, através da troca de agasalhos e mantimentos. Diz ainda que sua maior dificuldade é dormir à mercê da imprevisibilidade da noite, sujeito ao frio e a vulnerabilidade à violência, ao mesmo tempo em que confessa não gostar dos albergues por haver muitas regras.

Entrevistado 5: Começamos a conversa perguntando se o nome "Gabriel" tatuado em seu braço direito referia-se a si, quando, ao manusear pedras de crack, Patrício, 30 anos de idade, natural de Porto Alegre, desculpa-se pelas drogas e passa a narrar sua história de vida. Patrício passou 12 anos preso e está aguardando a emissão de sua carteira de identidade para ir em busca de emprego. Quanto à tatuagem, revela que é o nome do filho, que atualmente mora com a avó e pouco consegue visitá-lo. Na sequência, afirma ter frequentado a LBV (Legião da Boa Vontade) por 4 anos, mas aos 12 anos de idade resolveu "virar homem", conforme ele se refere e passou a ser morador de rua. De "boas-vindas" à sua nova vida, sofreu agressão de outros moradores de rua, que lhe jogaram loló e depois atearam fogo. Contudo, diz acreditar que um dia conseguirá viver em melhores condições, em um lar de verdade.

A população de rua, além de estado de indigência ou mendicância, comumente apresenta outros problemas relacionados à sua condição, como o alcoolismo, uso de drogas ilícitas ou, até mesmo, distúrbios psiquiátricos. Muitas delas não possuem mais vínculo com suas famílias e são novamente abandonadas pelos governantes devido à falta de subsídios para tirá-las dessa situação. No momento em que houverem medidas efetivas de inseri-las no mercado de trabalho novamente, incentivando-as a abandonarem seus vícios e, acima de tudo, fazendo-as descobrirem seu potencial dentro da sociedade, elas passarão de invisíveis a pertencentes ao grande grupo populacional.


Por Caroline Guedes, Nicole Escouto, Paola Sartori e Tuhana Pinheiro